domingo, 30 de maio de 2010

O que você quer?

E daí que hoje eu fui ao teatro!
Essa frase soou um pouco pejorativa talvez... Eu não quis dizer que nunca vou, e que hoje, com muito sacrificio e tortura eu fui ao teatro. Pelo contrário... Aos poucos venho me aproximando dessa arte, me apaixonando, e entendendo cada vez mais o amor expressado por tantos. Enfim, fui ao teatro. A peça? CORTE SECO.
E que corte.
Eu não conseguiria, jamais, nem que eu fosse João Ubaldo Ribeiro, ou Clarice Lispector, ou sei lá mais quem você considere que tenha o dom do uso das palavras, explicar essa peça, e dizer o enredo. A verdade é o que o enredo não existe. E ao mesmo tempo, ele fala de tudo. Ele se expressa na linguagem, na forma fisica, nas palavras, nos trejeitos, nos personagens, na realidade, na improvisão, no que é ensaiado, na diretora, na criação, no conceito... É aquela típica arte, que não fala de nada, mas o nada se transforma em tudo. E isso me angustiou.
Não leve angustia para o lado ruim do significado. A angustia, nesse momento para mim, nada mais é do que um sentimento poderoso de inquietação. O fato de estar inquieto, me faz pensar, refletir, dialogar, emudecer, compreender, interpretar, acreditar... A inquietação faz parte da criação. Faz parte da arte. Faz parte da crítica.
Em alguns momentos da peça, os personagens se questionam com a seguinte pergunta:
O QUE VOCÊ QUER?
Simples né? Pense melhor!
Em todos os momentos da peça, a resposta nunca veio. Em algum momento um pergonsagem se retirou de cena. Talvez ele soubesse o que queria. Talvez ele tinha medo de dizer. Talvez ele queria tanta coisa que não adiantaria enumerar. Talvez ele não quisesse nada. Mas o que mais mexeu comigo, é o fato da pergunta ser assim, tão direta. Tão voraz. Tão autodestrutiva quando o caminho parece torto, e as certezas parecem embaçadas. A certeza pra mim é algo que vai e vem. Eu busco a certeza dessa certeza diariamente! Ainda chego lá!
O teatro se extende. O teatro fisíco eu me refiro. As imagens simultaneas, que nós, espectadores, estamos acostumados a ver no cinema, aparece aqui. No teatro. As cameras espalhadas por diversos pontos do teatro, nos fazem ver além... Nos permitem que a imaginação veja. Que a imagem se forme. E ainda brinca com você... Que ao mesmo tempo que te mostra, te subentende, a ponto de um dos personagens dizer... "Agora não posso dizer o que está acontecendo, porque eles saíram de quadro... Imaginem!".
Essa peça permite tantas coisas...
Bom... Depois de tantas palavras e pensamentos desconexos, e mesmo que (quem quer que leia esse blog) não tenha entendido nada, sim, eu gostei MUITO dessa peça. E sim... Quem não viu... Amanhã é o último dia!

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